A Idade Média (ou medievo) inicia-se com a queda do Império Romano do Ocidente. Nesse período, a Europa passava por um momento político com uma forte influência da Igreja Católica sobre o Estado. Nesse sentido, duas figuras importantes para a filosofia medieval surgem: Santo Agostinho e São Tomás de Aquino.
Quando dizemos Estado, devemos entender a estrutura formada da união das terras de uma nação com suas políticas, sua cultura, sua organização social e sua forma de governo (seja uma monarquia, uma diarquia, uma república, uma democracia direta, um despotismo, entre outras diversas formas de governo).
Embora seja difícil caracterizar uma unicidade num complexo período como esse, podemos dizer que boa parte das motivações filosóficas da época se situavam entre a Fé e a Razão. Incluindo nisso a política, a ética e até a epistemologia.
Talvez uma frase que represente bem esse período está presente no livro Tratado do Primeiro Princípio, de Duns Escoto: “Ajuda-me, Senhor, a procurar este conhecimento do verdadeiro ser, isto é, de ti mesmo, que a nossa razão natural pode atingir”.
Santo Agostinho
Teólogo, filósofo e professor de retórica, Santo Agostinho (354 d.C – 430 d.C) chegou a ser bispo da Igreja Católica. Em sua epistemologia diz que o verdadeiro conhecimento é obtido através da investigação da alma que é o ponto mais próximo de conexão com Deus. Por isso a filosofia medieval tem grande notoriedade dentro da Teologia, uma vez que, conduziria a um conhecimento seguro das obras de Deus.
Segundo Agostinho, a premissa ética deriva diretamente do próprio livre arbítrio que o Deus cristão deu aos humanos. Nesse sentido, o filósofo argumenta que Deus criou os homens com uma alma para governar o corpo. É essa alma que conduz o homem ao caminho do bem. Assim sendo, a liberdade não é uma propriedade do intelecto, mas sim da vontade.
Na filosofia medieval de Agostinho, as pessoas pecam porque usam seu livre-arbítrio para satisfazer um desejo mal que a alma assim o reconhece. Assim, o o homem que se desvirtuou no pecado só poderá voltar aos caminhos de Deus a partir da combinação de seu esforço pessoal (livre-arbítrio) com o consentimento da graça divina numa relação de subordinação.
Exatamente por esse caráter de submissão que muitas vertentes cristãs apresentam em suas teologias uma justificação do próprio poder político a partir da submissão de um representante divino ou semelhante. Não à toa, e sem desconsiderar os fatores econômicos, muitos regimes políticos nesse período se constituíam a partir de uma monarquia – poder concentrado nas mãos de uma só pessoa.
Filosofia Medieval de São Tomás de Aquino
Diferentemente de Agostinho, o frade católico Tomás de Aquino (1225 d.C 1274 d.C) – em de-
trimento de seu contexto histórico com a redescoberta de textos aristotélicos -, aproxima sua filosofia medieval mais ao que dizia Aristóteles. Todavia, ambos os medievais compartilham a noção de uma ética fundamentada no cristianismo em que o mal é a ausência do bem.
Segundo Aquino, Deus teria criado o mundo segundo uma ordem divina chamada providência que encaminharia todas as coisas ao sumo bem. Nesse sentido, Deus tenha criado todas as coisas e as ordenado de uma determinada maneira para a beatitude e a felicidade. Mas isso não significa que o homem não tem liberdade.
Na filosofia medieval de São Tomás de Aquino, o livre-arbítrio também é a condição da existência do mal, uma vez que, o homem que se encaminhou por essa providência pode tomar seus próprios caminhos contrariando ou seguindo o caminho “virtuoso” dessa providência. Desse modo, a ética para Aquino é entendida de uma ligação estrita e necessária com a justiça e o sumo bem. Isso ainda que esse sumo bem possa ser praticada de diversas formas diferentes.