Barroco: contexto, características e autores

O barroco é um estilo artístico europeu, cuja origem está ligada ao renascimento. Assim, o barroco é na verdade uma estética situada ao fim do renascimento, e ainda próxima ao classicismo – estilo que marcou o século XVI com um retorno aos clássicos gregos. Conheça as principais características, o contexto e autores deste estilo.

O barroco foi alimentado pela contrarreforma, movimento católico que combatia a reforma protestante. Nesse sentido, é possível dizer que na Europa temos um barroco-jesuíta. Dessa forma, foramos jesuítas, inclusive, que no século XVII introduziram o barroco no Brasil. Assim, essa ordem religiosa era responsável pelos principais esforços de catequização e educação na colônia chamada Brasil.

Igreja feita na época do barroco.
Santuário Bom Jesus de Matosinhos, Congonhas, Minas Gerais.

Contexto Histórico do Barroco

Igreja São Francisco de Assis – Ouro Preto, MG.

Durante o século do ouro, fins do século XVII e início do século XVIII, a intensa atividade de mineração em Minas Gerais permitiu o surgimento de centros urbanos como Vila Rica, Sabará, Mariana, São João D’El Rei, Diamantina; e com essas cidades veio a edificação de suntuosas igrejas.

Nesse sentido, tanto em Minas Gerais como na Bahia, através desses processos econômicos, temos manifestações do barroco ao ponto de podermos falar de um barroco mineiro ou baiano e é nas construções dessas igrejas que o barroco funde a literatura com a arquitetura.

Dessa maneira, Minas Gerais tem uma das arquiteturas barrocas mais significantes é a igreja de São Francisco de Assis, situada em Ouro Preto. Nesse sentido, temos Aleijadinho, o grande mestre do barroco brasileiro que criou o seu projeto arquitetônico.

Características do Barroco

As principais características que marcaram este período foram:

  • Arte rebuscada e exagerada;
  • Valorização do detalhe;
  • Dualismo e contradições;
  • Obscuridade, complexidade e sensualismo;
  • Barroco literário: cultismo e conceptismo.

Dessa forma, dualismo entre o sagrado e o profano, a contradição, o gosto extravagante, e a linguagem rebuscada são propriedades da versão brasileira do barroco.

Nesse sentido, dos seus principais temas é precisamente o dualismo, que é uma maneira do homem expor seu dilema: aproveitar a fugacidade das coisas se entregando aos prazeres ou santificando-se a Deus? Aceitava a fortuna da vida ou servilmente se curvava aos desígnios de Deus? A arte barroca é uma arte pós-reforma protestante, possui desse modo um aspecto religioso e católico, presta culto a Deus e não raramente consideram sua arte uma arte sacra.

Obras e Autores Barrocos

Primeiramente, é importante entender que na literatura temos vestígios deste estilo entre o século XVII e XVIII, através de autores como Gregório de Matos, Botelho de Oliveira, Frei Itapirica, e Bento Teixeira, Padre Antônio Vieira.

O primeiro poema barroco é atribuído a Bento Teixeira, escritor de biografia nebulosa que pode ter nascido em Olinda. Além disso, em 1602 Teixeira publica um poema épico, nos moldes de Camões, e dedica-o ao governador de Pernambuco, Jorge d’Albuquerque Coelho.

Uma obra muito conhecida que se aproximando, nos traços, do barroco católico brasileiro é o filme “O Auto da Compadecida”, baseado no livro de Ariano Suassuna.

Ilustração do Gregório de Matos, poeta da época.

Ademais, temos Gregório de Matos, um escritor onhecido como “boca do inferno” por ter uma linguagem corrosiva. Dessa forma, sua obra poética é distribuída entre os gêneros: Sacras, Líricas, Graciosas e Satíricas.

Vejamos alguns poemas de “boca do inferno”:

Poema Satírico

O poeta usa de humor, faz troça com a religião e com os poderosos. Nesse sentido, os poemas possuem um teor cômico e irônico.

À Bahia

Tristes sucessos, casos lastimosos,/
Desgraças nunca vistas nem faladas,/
São, ó Bahia! Vésperas choradas/
De outros que estão por vir mais estranhosos. Sentimo-nos confusos e teimosos,/
Pois não damos remédios às já passadas,/
Nem prevemos tampouco as esperadas,/
Como que estamos delas desejosos. Levou-vos o dinheiro a má fortuna,/
Ficamos sem tostão, real nem branca,/
Macutas, correão, novelos, molhos. Ninguém vê, ninguém fala, nem impugna,/
E é que, quem o dinheiro nos arranca,/
Nos arrancam as mãos, a língua, os olhos./

Poema Sacro

De caráter religioso, moral, esse tipo de poema barroco demonstra a dualidade do conflito humano em viver entre o sacro e o mundano.

A Jesus Cristo

Pequei Senhor; mas não porque hei pecado,/
Da vossa alta clemência me despido;/
Porque, quanto mais tenho delinquido,/ Vos tenho a perdoar mais empenhado. Se basta a vos irar tanto pecado,/
A abrandar-vos sobeja um só gemido:/
Que a mesma culpa que vos há ofendido,/
Vos tem para o perdão lisonjeado. Se uma ovelha perdida e já cobrada/ Glória tal e prazer
ão repentino/
Vos deu, como afirmais na sacra história, Eu sou, Senhor, a ovelha desgarrada,/
Cobrai-a; e não queirais, pastor divino,/
Perder na vossa ovelha a vossa glória./

Poema Lírico

O poeta expõe a angústia do seu “eu” diante da fugacidade da vida, do amor e da religião.

Desenganos da vida humana metaforicamente

É a vaidade, Fábio, nesta vida,/
Rosa, que da manhã lisonjeada,/
Púrpuras mil, com ambição dourada,/
Airosa rompe, arrasta presumida. É planta, que de abril favorecida,/
Por mares de soberba desatada,/
Florida galeota empavesada,/
Sulca, ufana, navega destemida. É nau enfim, que em breve ligeireza,/
Com presunção de Fênix generosa,/
Galhardias apresta, alentos preza. Mas ser planta, ser rosa, nau vistosa/
De que importa, se aguarda sem defesa/
Penha a nau, ferro a planta, tarde a rosa?/

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