Variações Linguísticas

Variação Sociocultural (Ou Diastrática)

A variação sociocultural, também conhecida como diastrática, considera um mesmo indivíduo em diferentes circunstâncias de comunicação: se está em um ambiente familiar, profissional, o grau de intimidade, o tipo de assunto tratado e quem são os receptores.

Cada falante busca sua identidade, cria formas próprias de expressão, transformando o significado dos termos ou criando uma sintaxe própria. Sendo assim, cada grupo vai estabelecendo na língua seu modo específico de se comunicar. Na variação por sexo, por exemplo, o uso constante do diminutivo é mais comum na fala das mulheres do que na dos homens. Tal razão, provavelmente, é em virtude da preocupação de evitar palavras mais dóceis, devido à avaliação social de seu sexismo.

Ainda ratando de grupos, há grupos profissionais, que usam das terminologias próprias de palavras que demarcam sua eficiência linguística e mostram as variações linguísticas. É o caso dos advogados, médicos,
mecânicos, jogadores, policiais.  Esses tipos de variações também são conhecidos como socioletos.

Dessa forma, os socioletos são uma parte importante da diversidade linguística. Eles refletem as diferentes maneiras como as pessoas usam a linguagem em diferentes contextos sociais.

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Figura 1: Variação sociocultural – Socioleto Médico x Popular

Variação Situacional (Diafásica)

A variação linguística situacional, ou diafásica, está presente quando as pessoas são capazes de usar diferentes formas da língua em situações comunicativas diferentes. Além disso, elas buscam se adequar à forma e ao vocabulário em cada situação. Por exemplo, no trabalho, na escola, com os amigos ou com a família, as pessoas costumam usar uma linguagem mais formal.

Em situações mais solenes, como um casamento ou um funeral, a linguagem é ainda mais formal. No entanto, no mundo virtual, as pessoas costumam usar uma linguagem mais informal, com o uso de gírias e abreviações.

As gírias são frequentemente utilizadas em situações informais, como conversas entre amigos, conversas na internet, etc. Entretanto, situações formais, como uma entrevista de emprego ou uma apresentação em público, as gírias são geralmente evitadas. Isso quer dizer que a linguagem sofreu uma variação de acordo com o contexto e a situação comunicativa.

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Figura 2: Variação situacional – “Internetês”
Fonte: NovaescolaBrasil(adaptada).

Variação Histórica (Diacrônica)

A variação histórica, isto é, diacrônica, refere-se às etapas de desenvolvimento de uma língua ao longo da História. A língua não é estática, imutável. Pelo contrário, a língua se transforma com o passar do tempo alterando a forma de falar, de escrever e até mesmo a forma de estruturar frases, assim como seu significado. Um exemplo dessa transformação na língua é a mudança do pronome de tratamento “você”.

O pronome “Você”

A variação do pronome “você” não foi um fenômeno aleatório, mas está relacionada com uma mudança nas relações sociais entre as pessoas, sendo uma das variações linguísticas. No século XIV, a sociedade era mais hierárquica. Nesse sentido, uma grande diferença entre as classes sociais, e o uso de pronomes de tratamento era uma forma de expressar essa diferença. Dessa forma, O pronome “vossa mercê” se referia a pessoas de alta posição social, como nobres e clérigos.

Com o tempo, a sociedade tornou-se mais igualitária, e isso também refletiu nas variações linguísticas. As relações entre as pessoas tornaram-se mais informais, e o uso de pronomes de tratamento também se tornou mais informal. Então, o pronome “você” passa a se referir às pessoas de todas as classes sociais e, até mesmo, às pessoas desconhecidas.

Podemos dizer que a variação do pronome “você” é um exemplo da relação entre a língua, a sociedade e o tempo. A língua é um reflexo da sociedade, e ela muda à medida que a sociedade muda.

Pharmacia ou Farmácia?

Outro exemplo é a escrita da palavra “farmácia”, cuja grafia era com “ph” até o século XIX. O Brasil e Portugal assinaram o primeiro acordo ortográfico, em 1858, que definiu a substituição da letra “ph” por “f” em todas as palavras portuguesas.

Em síntese, a mudança na escrita da palavra “farmácia” relaciona-se com uma série de fatores, incluindo:

  • A influência do francês, que usa a letra “f” em vez de “ph” na palavra “pharmacie”.
  • A simplificação da ortografia portuguesa, que visava torná-la mais fácil de aprender e usar.

Figura 2: Variação Histórica- Pharmácia
Fonte: www.carmodacachoeira.net/

Variação Geográfica (Diatópica)

A variação geográfica da Língua Portuguesa é relacionada com as pluralidades da língua nos diferentes lugares onde é falada. Por exemplo, no Brasil, cada região têm diferenças linguísticas, tanto na fala como no vocabulário. A palavra “bala”, que é conhecida no Rio de Janeiro, São Paulo e Santa Catarina, pode também receber o nome de bombom no Maranhão, Pará e Piauí. Por sua vez, o doce é mais chamado de “caramelo” em Mato Grosso do Sul, Mato Grosso e Goiás. De região em região do país, essas diferenças são facilmente notadas. É por isso que temos o costume de dizer que o Brasil é vasto em comunicação e cultura.

Figura 2: Variação Geográfica – Regionalismo
Fonte: NovaescolaBrasil (adaptado)

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